sexta-feira, 2 de abril de 2010

Sexta-feira santa, dia de bacalhau.

Sexta-feira santa. Como não pensar nela? Como não pensar no que representa, no que representava e no que deveria representar. Também remete a uma data um tanto simbólica: a páscoa. Ambas as datas tem um significado para os cristãos (dos quais, antes que me perguntem, não faço parte, mesmo havendo poréns nessa minha posição, dos quais irei falar mais tarde), mas que significado é esse?

É incrível como a sexta-feira santa é uma data de penitência. Cristo, na história contada na Bíblia Sagrada, morreu para nos salvar. Sua morte é simbólica. Queria nos mostrar o caminho para uma humanidade melhor, colocar na cabeça de cada um ali que sua morte não seria em vão.

“Essa história é real?”, “Cristo existiu?” “Se ele existiu, ele é mesmo Deus?”. Essas são as perguntas que pipocam na cabeça das pessoas nessa época do ano. As respostas, estou longe de saber. Mas creio que a importância delas é muito questionável. Acredito que a verdadeira beleza dessa história não está na sua veracidade, mas sim no que ela passa para as gerações que a seguem. Cristo, tendo existido ou não, trouxe valores que trazemos conosco até hoje. Não importa se ele morreu na cruz, importa que ele fez isso para que a humanidade percebesse o egoísmo que a corrompe; a importância de sermos bons uns com os outros; que nos matamos por coisas muitas vezes (se não todas as vezes) sem importância real alguma.

Ao olhar para a sociedade contemporânea, não me parece muito melhor que antigamente. A diferença é que temos armamentos suficientes para destruir o planeta n vezes. É óbvio que o poder da igreja é passível de muitas questões. Essa instituição promove, ao invés dos ensinamentos de Jesus, tradições sem fundamentos morais. Ao invés de promover a paz, pilar dos ensinamentos de Cristo, promove as guerras santas. Ao invés de promover a bondade, promove bobeiras como discussões sobre o uso da camisinha.

Me parece um tanto ridículo acreditar nas palavras de um homem que se coloca como o ser humano mais perto de Deus, sendo que nos foi dito, no livro das regras, que somos todos iguais e todos semelhantes a Deus (o que me parece um tanto antropocentrista e até mesmo egoísta por parte da humanidade). Também me parece no mínimo estranho crer fervorosamente numa religião que já foi, e está sendo, distorcida para se adaptar a seu momento histórico e se manter com um certo poder (que um dia já foi maior que o poder do Estado).


Em vez de nos indagar “Em que mundo estamos vivendo?" "Porque, nessa história, Cristo morreu?”, apenas fazemos um delicioso almoço regado a peixe caro, pensando em quais chocolates comeremos no domingo e assistindo mais uma vez ao filme de Jesus (onde, mais uma vez, ele é loiro de olhos claros). Tudo isso fingindo estar em penitência. Sinto que se a Bíblia fosse levada mais a sério e com menos fanatismo, isso é, com um pouco de senso crítico, estaríamos em uma situação muito melhor hoje em dia.

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